Perfil #02 – A Bruxa

Hoje apresentamos um perfil bem diferente. Não é de uma pessoa, mas de uma personagem que nos representa, fazendo jus à ancestralidade: A Bruxa do Coletivo Mulher Vida. Sim, aquela que puxa o Bloco há 30 anos, embelezando e levando magia às ruas de Olinda nas tardes da sexta-feira pré-carnaval.

Ah, ela também está presente na logo institucional. Mas ela é muito mais que uma imagem, ela é nossa identidade.

Muitos perguntam o motivo do CMV ter a Bruxa como símbolo: Por ter sido a defesa dos direitos das mulheres uma das nossas primeiras bandeiras levantadas e por nossa própria necessidade de sobreviver e de nos manter em segurança, encontramos na simbologia da bruxa elementos norteadores para fortalecer nossa caminhada e contribuir na superação das violências que as mulheres sofriam e continuam sofrendo.

Essa violência não é de hoje: durante o período da Inquisição (1542 e 1965), estimam que 6 milhões de mulheres foram queimadas vivas (Calibã e a Bruxa (2004). Segundo Silvia Federici, é talvez o maior evento de feminicídio que se tem registro na história. Nas sentenças, motivos fúteis, fantasiosos e até imaginários.

Desde então Bruxa é o nome dado às mulheres que são insubmissas, irreverentes, seguras, assertivas, lideranças e donas de sua sexualidade.

Essas mulheres também carregam consigo um saber ancestral que costumamos chamar no dia a dia de intuição. Esse é, sem dúvida, o nosso maior trunfo e semente da nossa existência e resistência todos esses anos, quer seja na Latino América, na África, até mesmo na Europa ou por outros cantos do mundo.

Em reconhecimento a essas mulheres o Coletivo Mulher Vida resgata a imagem da bruxa, enxergando-a da seguinte forma:

• A Bruxa é uma mulher que celebra a natureza e que busca, nessa, a energia vital para a inspiração e a cura.
• A Bruxa representa a sensibilidade, o saber e a intuição feminina. É a que conserva e transmite de geração em geração a memória coletiva das tradições culturais dos povos.
• A Bruxa é uma mulher livre e valente, aquela que é capaz de se autodeterminar e ser dona de si.