Rompendo o ciclo de exploração de mulheres e meninas

Por Coletivo Mulher Vida

Os ciclos de exploração de meninas e mulheres foi o tema central de um painel organizado pela Freedom Fund, na tarde do dia 10 de março. Adriana Duarte, coordenadora do Coletivo Mulher Vida, participou do debate, trazendo informações sobre as maiores preocupações e problemas enfrentados por mulheres e meninas em situação de exploração no Brasil no momento.

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Mana, como é conhecida, falou sobre a exploração no contexto da pandemia: “a violência sexual, em particular, o abuso sexual realizado dentro de casa, coloca as meninas em condição de muito baixa auto estima e faz com que elas se submetam a situações de exploração. Elas não acreditam que viver sem essa violência é possível, então é muito importante que a gente entenda que essa vulnerabilidade vem da desassistência que existe. E agora na pandemia, nós vimos o quanto as mulheres ficaram empobrecida e quanto maior é o número da miséria, maior é a violência sexual”.

Como atitudes que estão sendo tomadas para quebrar o complexo ciclo vicioso de violência e exploração, Mana levou algumas reflexões: “as mulheres estão começando a ter consciência que não ocupam lugares de igualdade e elas querem essa igualdade. E o mais importante: estão educando as crianças, meninas, para se entenderem com esse poder. Eu acho que o  mundo caminha para dias em que as mulheres poderão trazer pautas que envolvam as famílias. A mulher nunca está só. Ela cuida de seus pais, irmãos e filhos. Culturalmente, a desigualdade de gênero nos coloca assim, mas é importante que a gente entenda que as mulheres estão despertando para essa igualdade, mas estão despertando sem abandonar as suas famílias, cobrando creches e  políticas de direitos sexuais e reprodutivos”.

Além das ações individuais, Mana entende como importante soluções externas: “estabelecer um comitê internacional de governos trabalhando em conjunto para combater o tráfico, usando forças de inteligência internacional para impulsionar ações locais e desenvolver metas de combate ao tráfico – incluindo metas de igualdade de gênero”.

O evento reuniu especialistas da linha de frente e líderes do movimento antiescravagista para desvendar a interligação entre escravidão moderna e gênero e como ela se manifesta, bem como refletir sobre as lições aprendidas por meio do trabalho de campo e pesquisas da Freedom Fund.

O evento contou com a moderação da Sra. Brandee Butler, Vice-CEO, Fundo para os Direitos Humanos Globais. Teve como palestrante a Sra. Siobhán Mullally, Relatora Especial sobre tráfico de pessoas, especialmente mulheres e crianças, ACNUDH. Além de Mana, também foram painelistas: a Sra. Havovi Wadia, Diretora de Programas, The Freedom Fund; Sra. Grace Forrest, Diretora Fundadora, Walk Free; Dra. Fiona Samuels, Programa Igualdade de Gênero e Inclusão Social na ODI e Professora Associada Honorária na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.

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Sobre a Freedom Fund: 

O Freedom Fund trabalha com e para mulheres e meninas que sofrem inúmeras formas de exploração, sejam elas migrantes etíopes em servidão doméstica no Oriente Médio, mulheres e meninas de Mianmar sendo traficadas para a China para casamento forçado, meninas sendo exploradas no comércio sexual no Brasil ou Bangladesh, Nepal, ou mulheres que trabalham em fiações indianas ou fábricas tailandesas de processamento de frutos do mar. É imperativo que centralizemos as vozes, experiências e necessidades de mulheres e meninas em nossas intervenções antiescravidão, avançando em direção a uma abordagem interseccional e inclusiva de gênero em todo o nosso trabalho.