MANIFESTO CAMPANHA NACIONAL #ELASFICAM: CONTRA A VIOLÊNCIA POLÍTICA DE GÊNERO E RAÇA
A chegada das mulheres e outros grupos historicamente impedidos, perseguidos e punidos por participarem da política implica um obstáculo aos homens na corrida eleitoral e na representação democrática, e pela ameaça que esse fato representa, pelo rompimento de antigas e falsas crenças, pela ampliação da liberdade para as mulheres e meninas, vivemos hoje uma guerra no Brasil, reforçada pela de extrema direita fascista, e que nos viola cotidianamente, silenciando nossas vozes e adoecendo nossos corpos. A representação política é uma condição necessária ao nosso sistema político, e para a democracia, e por isso é preciso democratizar as instituições representativas. Nunca foi, desde o império,
especialidade do legislativo representar a diversidade da sociedade. O colonialismo instalou o patriarcado, classismo e racismo em nosso modo de fazer política, e desinstalar estes sistemas, por assim dizer, é justamente este o desafio de nosso tempo.
A participação política das mulheres impõe mudanças estruturais à democracia. Considerar a divisão sexual do trabalho que restringe o tempo das mulheres nas construções políticas nos territórios e o desprovimento financeiro são questões que têm sido enfrentadas pelos movimentos de mulheres ao longo dos anos da abertura democrática, e com pouca resolução. Nem mesmo a tímida legislação deu conta de superar o mínimo das dificuldades impostas.
Contudo, a sociedade é dinâmica, as mudanças são avassaladoras e as mulheres têm construído caminhos que são alimentados muitas vezes pela dor.
Como é o caso do luto pela Vereadora Marielle Franco, e a luta que seu assassinato ascendeu! As mulheres brasileiras se insurgiram e empurraram a porta do sistema político apresentando candidaturas coletivas, em um modo organizativo em bloco para sustentar suas agendas e burlar a falta de dinheiro para as campanhas.
As diversas candidaturas lutaram e continuando lutando contra a própria estrutura partidária, irrompendo contra o machismo interno que não aceita ou considera as mulheres falando sobre as questões da macro-política linkadas com as atrocidades do existir mulher no Brasil atual: violência contra as mulheres e meninas, pobreza menstrual, e feminicídio.
O ataque aos mandatos das deputadas eleitas – e muito bem votadas, é um ataque a todas as mulheres brasileiras. Um ataque à cidadania ativa de milhares de brasileiras que cuidam da vida nas cidades brasileiras. Que lutam por justiça e por vida digna para elas mesmas, suas famílias e comunidade. Que lutam e cuidam das águas e das florestas. O ataque patriarcal da “machocracia brasileira” aos seis
mandatos das deputadas é um claro esforço e sinalização de silenciamento de outras mulheres na política: vereadoras, prefeitas e deputadas estaduais eleitas e que levantam suas vozes no Brasil para denunciar injustiças, violências, e legislar por uma vida digna para toda a nação.
Uma violência política que vem de longos anos, MARGARIDA ALVES! PRESENTE! MARIELLE FRANCO! PRESENTE! Uma violência política que agora reconhecemos e nomeamos. Uma violência política que nos ataca pela condição de ser mulher. Uma violência política que nos ataca pela condição de ser mulher negra, indígena, moradoras das periferias do Brasil.
Uma violência que insiste em nos dizer que a política não é o nosso lugar. Mas nós não seremos interrompidas!
E estamos aqui para denunciar o escândalo que é manter estável o poder dos senhores patriarcas, violadores de mulheres, como legisladores de uma nação inteira.
Organizações que Impulsionam a Campanha
- Frente Parlamentar Feminista Antirracista com Participação Popular
- ANJF – Articulação Nacional de Negras Jovens Feministas
- Articulação de Mulheres Brasileiras
- Campanha Nem Presa Nem Morta
- CFEMEA
- Coalizão Negra por Direitos
- Coletivo Juntas
- Coletivo Juntos!
- Inesc – INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos
10.Instituto Marielle Franco
11.Instituto Update
12.Levante Feminista Contra o Feminicídio
13.Mapa do Acolhimento
14.NEPEM UFMG
15.Nossas
16.Observatorio Feminista do Nordeste - Rede A Ponte
18.Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas
19.Redeh
20.SOS Corpo
21.União Brasileira de Mulheres