Bolacha com doce: deixa a mulher só ser, que é melhor

Por Coletivo Mulher Vida

No mês em que a Lei Maria da Penha completou 16 anos de promulgação, a equipe do Coletivo Mulher Vida (CMV) realizou, na sexta-feira, 25 de agosto, uma tarde de conscientização e mobilização, pedindo à população que “deixa a mulher só ser, que é melhor”, como diz a canção “De peito aberto”, de Chico César.

O encontro começou com uma reflexão sobre a letra da música, momento em que as participantes escutaram e cantaram juntas, seguido por depoimentos e convocação para as mulheres irem às ruas, convocar outras mulheres. “Vamos nos organizar para mobilizar outras vontades”, chamou Elisangela Raposo, da coordenação colegiada do CMV, convidado todas a participarem da atividade além dos muros do Coletivo.

Com voz e percussão do Cordão de Bruta Flor, o grupo saiu pela orla de casa Caiada, bairro de Olinda, somando com apitos e cantando junto com o quarteto as músicas que clamam pela vida e pela defesa dos direitos das mulheres: “Cadê meu celular? Eu vou ligar pro um oito zero… Vou entregar teu nome e explicar meu endereço”, cantaram juntas a música de Elza Soares, que divulga o principal número de denúncia de violência contra a mulher.

Além de divulgarem informações de denúncia e conceituarem algumas formas de violência contra as mulheres, foram lidos, durante o trajeto, os dados da pesquisa desenvolvida através de parceria entre a Universidade Federal de Pernambuco, Núcleo de Saúde Coletiva do Centro Acadêmico de Vitória e o CMV. O material produzido com essas informações também foi entregue para quem passava caminhando, pedalando, nos carros ou quem acompanhou a mobilização de suas residências.

Confira abaixo um resumo da pesquisa.

Foi uma tarde de mobilização, conscientização, vivência, música, arte, ludicidade e acolhimento, que terminou com uma ciranda puxada pelo Cordão de Bruta Flor, que se somou ao CMV com voz, música e resistência ao ato. Gratidão pela participação, Luma, Dayane, Alice e Carol!

Dados sobre feminicídio:

Em Pernambuco, no primeiro semestre de 2022, a cada quatro dias e meio, uma mulher foi assassinada por simplesmente ser mulher, segundo dados levantados pela Secretaria de Defesa Social (SDS). Ou seja, nos 180 primeiros dias do ano, 40 mulheres “viraram números” e entraram para as estatísticas dos crimes tipificados como feminicídio.

De acordo com a SDS, em 2021, foram 87 feminicídios oficialmente registrados no Estado, sendo 54 deles no primeiro semestre.

Brasil é o quinto país mais violento com mulheres no mundo

Atualmente, o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial da violência contra a mulher, ficando atrás somente de El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia, segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022, com dados referentes a 2021, aponta que 1.341 mulheres foram vítimas de feminicídio no País no último ano. Os principais autores das mortes foram os companheiros ou ex-companheiros das vítimas (81,7%), seguido de parentes (14,4%).

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também aponta que 37,5% das vítimas de feminicídio em 2021 são mulheres brancas e 62%, negras, e que a grande maioria é de jovens com idades entre 18 e 24 anos. Os principais instrumentos usados nos feminicídios foram armas brancas (50%) e armas de fogo (29,2%). 

Como denunciar violência contra a mulher?

A SDS conta com a Patrulha Maria da Penha, os plantões 190 e 14 Delegacias da Mulher para denúncias e atendimentos especializados.

As delegacias especializadas ficam em Santo Amaro (Recife), Prazeres (Jaboatão dos Guararapes), Cabo de Santo Agostinho, Olinda, Paulista, Vitória de Santo Antão, Goiana, Caruaru, Surubim, Arcoverde, Afogados da Ingazeira, Garanhuns, Salgueiro e Petrolina.

Onde não houver uma unidade especializada, a população pode procurar qualquer delegacia de Polícia Civil.

Pessoas próximas, amigos e vizinhos podem colaborar com a rede de proteção de mulheres vítimas de violência. Para denúncias e informações sobre a rede de proteção, a Ouvidoria Estadual da Mulher atende gratuitamente pelo telefone 0800 281 8187. Em caso de emergência policial, a orientação é ligar para o 190 Mulher.

Fonte: https://www.folhape.com.br/noticias/pernambuco-teve-um-feminicidio-a-cada-45-dias-em-2022-saiba-como/236688/